Não descobri ainda no mundo algo tão influente nas escolhas do homem como o amor...

30 de jun. de 2011

Incógnita


De todo o sempre, fui seguidor e pactuante de uma vida sustentada no directus. Nunca havia, desde meu primeiro estalo de consciência, estado fora daquilo que para mim eram os princípios fundamentais que regiam minha vida dia após dia! Nada de algazarra e folguedos, tampouco noitadas meio a boemia ou outras sórdidas exuberâncias que pudessem abalar meus dias de intensa calma diante a habitual vida de um homem em pleno desfrute dos regalos da mente concedidos por Deus...
De repente, me vejo louco, outrora não me vejo! Sigo anestesiado, pasmado, incrédulo e maltrapilho, sinto a aurora jovial florescer em meu íntimo em compasso com a doentia vontade de agora, até o tempo que me restar, seguir não mais as linhas retas e certas que me trouxeram até esse momento de devaneio, mas entreter-me no caminho ríspido, perigoso, de demasiada suntuosidade; seguir seus traços, seus rastros, sua sombra e seu caminho, seguir-te, deslumbrante e misteriosa desconhecida... Guilherme Farias

Recordação


A última vez que a vi, ela estava a correr pelas finas areias da praia, sobre o intenso sol de Janeiro. Seus pés, brancos como o doce algodão das nuvens do céu, acariciavam os grãos de areia que mais se igualavam aos fragmentos de minhas lembranças daquele amor que nos uniu, e que agora estava sob seus pés, se desfazendo e se dissipando em demasiada agonia, fazendo arder no coração do pobre amante, enquanto observava atentamente minha tão bela Dulcineia, que não mais se dedica a amar-me senão a outro felizardo, regalado com a pureza de um nobre feminino coração... Guilherme de Farias