Não descobri ainda no mundo algo tão influente nas escolhas do homem como o amor...

30 de out. de 2011

Tudo e o nada. O mundo e o eu


A inspiração se foi com o dia e a escuridão 
                                [tomou conta de tudo,]
A alma tornou-se vazia e a mente embranqueceu.
Nada é como antes. Nada será como foi.
O nada agora é tudo que não fora antes ou
                                [é nada daquilo que tudo era.]
A flor morreu. O pássaro voou e os ventos continuam a soprar.

Continuar é se envolver no vazio da vida, onde nada 
                               [se importa com minha alma,]
Mas minha alma se importa com tudo.
Ainda assim o nada será tudo, mas minha alma
                               [continuará sendo o nada.]
A flor morreu, mas eu estou vivo... E o vento continuar a soprar...

17 de out. de 2011

Rua Doze


...Naquele fim de tarde de primavera, a despedida do sol deixava sua marca e sua tristeza refletida na segunda janela da parte esquerda do andar superior daquele velho sobrado amarelo na Rua Doze. A cortina branca afetada pela cor dourada do Astro balançava em pequenos movimentos como ondas a quebrar no mar. Com a persiana entreaberta era possível perceber a invasão dos luminosos raios de Sol dentro daquele quarto cujas paredes, em tempos passados observaram-nos nus e puris, inertes e jogados ao chão. As folhas do velho coqueiro faziam descansar sob sua acanhada sombra aquele antigo souvenir que com amor lhe presenteei quando ainda éramos jovens e tolos, mas avivados amantes. Um pequenino globo terrestre transparente, moldado em vidro maciço, ainda comprado com meu primeiro ordenado antes mesmo da minha primeira barba. Ah! Quantas primaveras eu esperei por seu olhar, mesmo que fosse sob a envergonhada sombra do coqueiro nos finais de tardes na janela do sobrado amarelo. Mas depois de algumas estações abandonei meu posto de guardião do seu sorriso para descobrir sozinho as surpresas da vida, fui andar pelos caminhos tão suntuosos e prósperos dessa grande estrada. Deixei a Rua Doze... Após incontáveis primaveras, finalmente retornei a Rua Doze. Mas já não encontrei o sobrado amarelo nem o coqueiro, já não encontrei você. Então, aproximei-me até encontrar-me abaixo daquela sua janela e descobri por entre a relva o globo que lhe dei. Encostei-me na parede já abandonada e deixei o corpo escorregar até que cheguei ao chão, envolvi o pequeno objeto em minhas mãos colocando-as próximas ao peito e senti uma lágrima queimar a face.