Um Rio de Desejo em pleno Janeiro.
Pele dourada de sol.
Olhos distraídos e sem romance, como de costume nos corações modernos.
Mirei seus breves movimentos singelos e ásperos.
Envolvida por um lindo jardim de flores azuis e brancas.
Três dedos próximos a boca, unhas vermelhas como rosas.
Perfil que prende a atenção dos olhos mais cristãos.
Busto saliente, alternando sua relevância junto à respiração.
Fico preso a cada alento profundo.
Meus olhos acompanham as curvas de seu belo corpo cor de ouro.
Sua voz com um castellano Porteño da velha romântica cidade Argentina.
No encanto do Pérgula e com pontualidade britânica,
Desfruto do prazeroso chá enquanto observo aquela doce visão açucarada.
Das três a mais bela cabrocha que deslumbrei a alma e despi o corpo.
Dez metros! Uma mesa. Duas vidas. Duas histórias. Obstáculo marítimo!
Anos-luz entre dois corpos inertes ao amor. Próximos mas jamais unidos.
Separados, perdido na imaginação, transformei-me em ator.
Joguei-lhe um olhar de fogo bravio, me observou e se foi.
Foi-se a mais bela das três a quem despi e amei intensamente.
Um devaneio de prazer e gozo da bela alma de cavalheiro.
Não mais a vi, mas levo na memória seu vestido decotado,
Sob o olhar da majestosa Copacabana.
Onde observei o assanhamento e a curva do pecado.
Ela nunca me conheceu, mas sonha comigo nas noites de desejo.
Pensa sem saber que sua imaginação chama por mim.
No seu universo, quem devaneia é ela, que partiu sem conceder-me seu amor.
João Guilherme Alvares