Não descobri ainda no mundo algo tão influente nas escolhas do homem como o amor...

18 de mar. de 2012

Isalina





Bem e inocência. Mal e prazer.
Você e o outro. Me deparo com a paixão que tende a decair frente à arrogância da carne.
A alma canta o riso do seu olhar, mas chora a tristeza de te ver sair.
A chegada é pungente. Mas os cabelos ao vento, escorridos sobre suas costas,
Apenas mostram o passado que chega a cada passo que você avança.
A saudade alenta, a lágrima escorre.
Sinto o aroma de suas palavras e o ar do seu balanço.
Você partiu naquela manhã de sol, quando ainda éramos estranhos um ao outro.
Num sentimento dual eu quis seguir seus rastros,
Mas a dor do futuro foi o remédio que me acalmou.
Guardei em minha memória as horas que nossos olhos conversaram,
Aquelas horas estarão  sempre a reviver em mim o brilho que você carrega.
Ainda abro a janela para observar o letreiro San Juan.
Mas, nas manhãs de sol, a paisagem não se faz igual outrora,
O girassol que mira ao céu murchou, pois a luz divina partiu junto de ti.
Fiquei só.

18 de jan. de 2012





A vida. A imensidão do azul, o mar!
Dantesco campo de Girassóis, sobre eles, mais azul, o céu!
Eterna ligação luz-felicidade!
Sementes de uma Deusa fêmea, efêmera.
Tempo em que Homens equiparam-se a deus!
Frutos do pecado e iminentes mortais.
O errado e o livre arbítrio não se distinguem.
Paradoxal e momentânea passagem.
Sem caminho, sem volta. Sem Deus, sem pecado, PAZ!
A máscara do correto que despenca a cada novo pulsar da carne.
Fé e prazer, pecado e salvação.
Pura loucura irreal que cobre o peito nosso.

Viveis acorrentados aos dogmas! Domados!
Felicidade não é desconhecer o que é o próprio mistério.
Mas aquilo que sentes e vê, pois é nele que assenta sua fé!
Peregrinaste até o inferno atrás da salvação.
Foste escravo dos seus medos.
Fracassaste perante o próprio pecador Divino.
Como um toque de piano,
Gritaste ao ser pressionado em demasiada violência moral.
O dedo de Deus que a ti pressiona enquanto vives
É o responsável por sua eterna tortura,
Fruto do pecado por ele pactuado, vieste aos prantos.
Mas ao afrouxar-te as correntes, livraste do medo, e junto ao vento, você partiu.

20 de nov. de 2011

Fogo




De pau duro te encontro jogada nas folhas, você está com o sexo de fora,
Rapariga da corte! ,
Você de rabo para o céu, perdida nos braços meus.
Abades desgraçam-nos!
Cornucópia de desejos estralam em sua rubra face.
Fenece o amor puril daquele mundo obscuro dos jardins envoltos pelo concreto.
Amo-te! Gozamos sob a luz do Astro maior.
...
Peguem-nos!
Pecadores! Queime-nos no fogo de Deus!
Então, após queimar-te em extrema excitação,
Assisto queimarem-te sob os olhos divinos em temor ao Diabo!
O amarelo do astro se inflama e você grita, grita e geme, geme de dor.
Morro depois ainda com o pau duro e o coração atormentado...
Encontrar-te-ei no inferno. Se o Divino nega o prazer,
Hei de negar o Divino e vangloriar o pecado.
Tudo para amar-te, ardente rapariga. Morte eterna a Hades!
Morte eterna a nós!

19 de nov. de 2011

Sublime




Esqueceste de dizer-me que seria daquela Lua apenas uma noite.
Pensaste esconder-te do mundo, mas na embriaguez, cometeste o maior dos erros:
Deste ao Amor a torpeza de seu ato amargurado e sem perdão.

Fizeste a um coração, a maior maldade suportável aos corações.
Sorriste com ar de Hades, levaste-me ao paraíso ardente do prazer.
Tão logo me desprezaste que escrever sobre o (nosso) tempo, tornou-se minha sina.

Sinto o coração desejar-te a cada nova Lua, novos sonhos, novas estrelas.
...

16 de nov. de 2011

Cala-te. Disfarce...




Via flores e árvores, o mar e a areia.
Ouvia o vento do litoral lhe dizendo:
O céu sobre a água, o sol envolto no azul do céu,
O mar te observa, não vá afogar-te...
Passou ligeiro...
Despediu-se. Dobrou a esquina:
Carros, prédios, robôs! Duros!
Atravessou o sinal. Coitado, coringa, louco, palhaço.
Cresceu:
Entristeceu. Decresceram os valores, a moral, o Amor.
Questionou!
Gritaram: Peguem-no, herege contemporâneo! Calem-no
Implorou:
Entreguem-me a Infância, a Beleza, cadê a nossa inocência? Baniram o Amor.
Não quis fechar os olhos.
Transcendeu, foi eliminado. Coitado, desfaleceu.

15 de nov. de 2011

Ligação 25/08/2008



Não pediu permissão para lhe falar, pois não acreditou na necessidade. Apenas aguardou o sinal da sua rouca voz e, então, lhe disse:

- Oi, espero que você esteja bem!
- Você não sabe como sinto sua falta.
- Faz tanto tempo, não é mesmo? Tenho tanto para lhe dizer, nem sei por onde começar...
- Mas saiba de imediato que depois de você nunca mais eu fui o mesmo. Na verdae, acho que você sabe muito bem disso.
- Você me ensinou muita coisa. Percebi que passar quatro anos ao se lado, desfrutando de sua amizade, foi o suficiente para... Esqueça, não importa isso agora.
- O que você acha de marcarmos um dia para conversarmos?
- Gostaria de te ver e saber como vão as coisas...
- Estarei perto de sua casa a trabalho no próximo mês.
- Antes que me pergunte, consegui seu número com o Carlinhos. A propósito, soube da última? Ele não toma jeito, hein?!
- Preciso desligar, **** . 
- O Pedro está me esperando, ele... Até mais.
...

14 de nov. de 2011

Interminável



Seu corpo envolto no meu ardente desejo de amar-te.
Suas curvas tão suntuosas me fazem estremecer,
Perco-me na imensidão do êxtase.

Amei-te em diferentes idiomas.
Amei-te com a razão. Talvez este tenha sido o meu grande erro,
Arrependo-me por hesitar em amar-te.
Ainda assim desejo-te nos sonhos, hermosa rosa.

Fecho os olhos e te encontro,
Sinto na boca pedaços do nosso pecado, volto no tempo e te espero,
Juntos, caminhamos pelas ruas de Casapueblo,
Deixamos a galeria e você desvanece,
Abro os olhos e respiro a dor de te ver partir mais uma manhã.

Despeço-me de você na esperança de te encontrar mais uma noite
E amar-te desde os campos de Flórida às areias de Punta,
Então quando atingirmos o ponto máximo de nossa inocente brincadeira,
A brisa da tarde nos levará até o entardecer em Maldonado,

...Como uma flor que deixa seu vaso, irei desfalecer em eterno pranto.



13 de nov. de 2011




Depois dela eu me peguei inúmeras noites e dias observando o amor, ainda que não observável, seus efeitos (e estes o são e não estão restritos ao indivíduo, mas ao meio e quiçá ao Universo), podem levar o homem à loucura. Não sendo esta do seu todo negativa, o futuro do homem, mesmo que em pequenas e relativas proporções poderá sim, ser grande e próspero ou humilhante e ínfimo, então, para entender sua situação ter-se-á necessariamente, a obrigação de analisar o amor na história do ser. 


30 de out. de 2011

Tudo e o nada. O mundo e o eu


A inspiração se foi com o dia e a escuridão 
                                [tomou conta de tudo,]
A alma tornou-se vazia e a mente embranqueceu.
Nada é como antes. Nada será como foi.
O nada agora é tudo que não fora antes ou
                                [é nada daquilo que tudo era.]
A flor morreu. O pássaro voou e os ventos continuam a soprar.

Continuar é se envolver no vazio da vida, onde nada 
                               [se importa com minha alma,]
Mas minha alma se importa com tudo.
Ainda assim o nada será tudo, mas minha alma
                               [continuará sendo o nada.]
A flor morreu, mas eu estou vivo... E o vento continuar a soprar...

17 de out. de 2011

Rua Doze


...Naquele fim de tarde de primavera, a despedida do sol deixava sua marca e sua tristeza refletida na segunda janela da parte esquerda do andar superior daquele velho sobrado amarelo na Rua Doze. A cortina branca afetada pela cor dourada do Astro balançava em pequenos movimentos como ondas a quebrar no mar. Com a persiana entreaberta era possível perceber a invasão dos luminosos raios de Sol dentro daquele quarto cujas paredes, em tempos passados observaram-nos nus e puris, inertes e jogados ao chão. As folhas do velho coqueiro faziam descansar sob sua acanhada sombra aquele antigo souvenir que com amor lhe presenteei quando ainda éramos jovens e tolos, mas avivados amantes. Um pequenino globo terrestre transparente, moldado em vidro maciço, ainda comprado com meu primeiro ordenado antes mesmo da minha primeira barba. Ah! Quantas primaveras eu esperei por seu olhar, mesmo que fosse sob a envergonhada sombra do coqueiro nos finais de tardes na janela do sobrado amarelo. Mas depois de algumas estações abandonei meu posto de guardião do seu sorriso para descobrir sozinho as surpresas da vida, fui andar pelos caminhos tão suntuosos e prósperos dessa grande estrada. Deixei a Rua Doze... Após incontáveis primaveras, finalmente retornei a Rua Doze. Mas já não encontrei o sobrado amarelo nem o coqueiro, já não encontrei você. Então, aproximei-me até encontrar-me abaixo daquela sua janela e descobri por entre a relva o globo que lhe dei. Encostei-me na parede já abandonada e deixei o corpo escorregar até que cheguei ao chão, envolvi o pequeno objeto em minhas mãos colocando-as próximas ao peito e senti uma lágrima queimar a face.